Quem foi Giuliano Cecchettini

Giuliano Cecchettini viveu de 1939 a 1986, tendo migrado a Franco da Rocha como muitos outros cidadãos francorochenses, no período de atuação ativa do Complexo Hospitalar do Juquery, tendo constituído família e prosperado profissionalmente como empreendedor. 

Giuliano Cecchettini, em 1939 no colo de seu pai, Alberto Cecchettini, ainda na Itália, durante a 2ª Guerra Mundial
Foto: cortesia Marcio Cecchettini

A história apresentada a seguir foi fornecida por um de seus filhos, Márcio Cecchettini, que esteve na Fatec para conhecer a faculdade que passou a denominar Faculdade de Tecnologia Giuliano Cecchettini - Fatec Franco da Rocha, por decreto da Lei nº 17.767, de 09 de outubro de 2019.


Márcio Cecchettini, filho de Giuliano Cecchettini, ao centro, com Paulo Kanayama, Diretor da Fatec e Augusto de Toledo da Cruz Jr., coordendador do Curso Superior de Tecnologia de Gestão de Energia e Eficiência Energética, em 08/09/2022

História

Oriundos do vilarejo Valdottavo, do município de Borgo a Mozzano, da província de Lucca, região da Toscana, da Itália, os membros da família Cecchettini imigraram para o Brasil, no ano de 1951, tendo como patriarca Alberto Cecchettini, militar, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, sua esposa Paolina Filomena Meconi Cecchettini e seus filhos Anacleto e Giuliano, respectivamente, com 21 e 11 anos de idade. Vieram a procura de uma vida melhor e de proteção aos filhos, principalmente para o mais velho que já estava em idade militar, deixando para trás o temor de uma nova guerra em suas vidas, o sofrimento com os horrores que presenciaram e viveram, inclusive pela perda de vida de familiares e amigos.

Desembarcaram no Brasil, em Santos/SP, e daí todos foram trabalhar num sítio, no município de Bragança Paulista/SP, com o plantio de morangos e café, de propriedade do tio, Gino, irmão de Alberto, que já residia no Brasil e estava a serviço da Fiat Motores na profissão de mecânico. Passado um breve período, mudaram-se para o município de Franco da Rocha/SP, onde foram acolhidos pelo tio, Luigi Meconi, irmão de Paolina Filomena que, como o tio Gino, viera antes para o nosso país. A família trabalhou no sítio, no cultivo de morangos e, logo em seguida, num armazém de secos e molhados de propriedade também do tio Luigi.

Com o passar dos anos, Alberto abre um pequeno açougue com Danilo Ridolfi, irmão de Ivana, nora e esposa de Anacleto. Giuliano, que completara 18 anos, recebe de ajuda e indenização pelo tempo de serviço prestado ao seu tio Luigi, recursos financeiras com os quais montou seu primeiro negócio, um açougue. Anacleto faz sociedade em um armazém com um amigo italiano da mesma cidade Borgo a Mozzano, da Itália, Marino Tardelli. Não demora e todos se saíram bem em seus negócios.


Giuliano Cecchettini em seu primeiro açougue, na Rua Dr. Hamilton Prado (antiga Rua Jundiaí), em Franco da Rocha, em 1958
Foto: cortesia Marcio Cecchettini

Giuliano cresce com seu pequeno açougue ao ponto de virar um atacadista distribuidor de carnes e derivados, vindo a montar uma pequena rede de açougues instalados nas cidades de Franco da Rocha/SP, Caieiras/SP, Francisco Morato/SP e nos bairros de Perus e Jaraguá, da capital paulista. Faz sociedade com o primo, Roberto Meconi, filho de Ferdinando e irmão de Filomena, e inauguram no centro da cidade de Franco da Rocha/SP o primeiro estabelecimento comercial com o moderno “conceito de supermercado”, de autosserviço, o Supermercado Santa Clara. Uma inovação no comércio da região, pois, até então, os produtos eram comercializados a granel, em quitandas, feiras, empórios e armazéns de secos e molhados, nos quais os fregueses entravam, escolhiam o produto exposto em sacos e eram atendidos por balconistas. Foi um sucesso!

Mas a paixão de Giuliano sempre foi o ramo frigorífico. Ele e o sócio resolvem vender o Supermercado Santa Clara, em 1978, e fundam a empresa Churra Bom Comércio de Carnes e Aves, comércio atacadista de carnes e derivados que também atuava na fabricação de embutidos e carnes secas e, ainda, na comercialização de produtos temperados para churrasco. Mas a venda do Santa Clara não foi bem sucedida, vez que os novos donos não pagaram as parcelas do acordo, acabaram com os produtos do estoque e assumiram dívidas em nome do supermercado. Giuliano e Roberto retomam o controle do negócio, com as dívidas existentes, e trazem para a sociedade o primo Agide Meconi, filho do tio Luigi, que comandava os negócios do pai com armazéns. Reformam o antigo Supermercado Santa Clara e inauguram, no final dos anos 1970, o Supermercado Três Leões. Nome sugestivo para os três primos batalhadores incansáveis! 

Giuliano faleceu com 46 anos de idade, num domingo de Carnaval, num acidente elétrico em seu empreendimento, fazendo o que mais gostava: trabalhar. Deixou sua contribuição ao município com seu legado, que é a sua família e sua história de trabalho. Teve três filhos com Catarina, sua esposa, Marcelo, Marcio e Giuliana. Dois deles se tornaram prefeitos. Márcio foi prefeito de Franco da Rocha por dois mandatos e Marcelo de Francisco Morato.

 

 

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